Você
Existe uma frase que diz "uma mulher somente não sabe o que dizer em dois momentos: no começo de um amor e no final dele". Estranho, pois eu tenho muito a dizer. Talvez seja porque o amor já começou há muito tempo e eu somente tento fingir que nada acontece, assim como você. Sim! Você também finge que nada acontece. Que cada olhar mais profundo dirigido a mim é só uma curiosidade, que eu não te trato diferente, que cada mensagem de "Oi, saudades" não transborda sentimento, que tudo o que a gente já se disse indiretamente não aconteceu nunca. Às vezes, sinto raiva da sua indiferença ou do seu medo, mas no fundo, te entendo perfeitamente. Há o medo de as coisas não voltarem a ser como era antes se algo rolar entre a gente e der errado. Entendo, de verdade, simplesmente porque eu também sinto o mesmo medo. Não há nenhuma maneira de algo acontecer e tudo voltar como era antes, pois quando uma coisa acontece, acontece também tudo que vem depois. Hoje, ouvindo Marisa Monte, que diga-se de passagem, tem música para povoar cada momento de um amor, eu só consigo pensar em você. "Mais um na multidão", esse é o nome da música que estava a ouvir e disparou seu sorriso em minha mente. O sorriso que é o mesmo da primeira vez que te vi. E, por incrível que pareça, causa o mesmo sentimento no meu coração. Não, estou errada. Não causa o mesmo, é diferente o sentimento, é mais forte, não estaria sendo justa com nós duas se disser que é o mesmo. Não é. Mas tem a mesma gênese, o mesmo motivo de ser, a mesma direção e sentido. Não lembro qual foi a última vez que te vi, o que me causa certa agonia, pois eu queria ter aproveitado mais esse momento, ter te dado um abraço mais forte e ter visto seu sorriso bobo por conta de alguma piada besta ou alguma bobeira que eu fiz. Não lembro qual foi a última vez que te vi, mas imagino te reencontrando num cenário na minha cabeça que eu gostaria muito que se tornasse realidade. Eu me vejo chegando em um bar, sabe aqueles que tem um espaço aberto na parte de cima, onde se pode dançar, fumar, beber e conversar? Onde tem aqueles varais de lâmpadas, lâmpadas amarelas e roxas. Então, vejo você nesse espaço, com uma taça na mão, com alguma bebida destilada, um drink, está tocando uma música do Foo fighters, animada, e você, dançando, balançando os cabelos, que agora, devem estar longos, e eu fico a te observar de longe, sorrindo, porque admirar sua beleza é sempre algo que fascina. A música acaba e começa a tocar uma do Cícero, você me vê e sorri para mim, me aproximo, bebemos um drink ou dois, conversamos sobre a vida, aqueles papos que sempre vão de séries a política, de música a planos futuros. Talvez nesse ambiente fora do nosso comum, com o álcool, nosso medo seja minimizado e um beijo envolva esse momento num sentimento que transborda tanto, mas tanto, que será só terça feira de carnaval no nosso coração. Nesse momento eu acordo no meu sorriso, que se abre sem meu controle. Volto para esse texto, que você provavelmente não verá. Sobre a frase que iniciei essa declaração para mim mesma, talvez seja verdade, uma mulher só não sabe o que dizer no começo de um amor ou no final dele. Talvez esse amor ainda não tenha começado, só nesse bar, dentro da minha imaginação. E tudo isso que quero te falar, não falo e fica escondido numa mensagem de saudade ou num sorriso num encontro qualquer.
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